Eram os anos 90 e o mercado brasileiro, totalmente fechado, acabara de ser aberto ao mundo.

Na faculdade, dois jovens sonhadores discutiam como as novas tecnologias e ferramentas de desenvolvimento aos quais estavam tendo acesso, poderiam melhorar a vida das pessoas.

Em comum estavam o gosto pela arte, pelo design e pela tecnologia, e para todos os lados que olhassem, novas ideias surgiam. Eles sonhavam em criar uma empresa diferente, uma ilha de excelência e de qualidade, mas precisavam de uma oportunidade para realizar aquele sonho: seus recursos eram escassos e eles dependiam dos empregos para o próprio sustento.

Esta oportunidade surgiu inesperadamente em 1998: uma empresa, que chamaremos de empresa C, era a patrocinadora de um evento esportivo do qual um daqueles estudantes de engenharia participava. No intervalo para o lanche, o jovem ouviu a conversa de um dos diretores da empresa C sobre sua meta em adquirir, no exterior, um sistema automatizado para o treinamento dos praticantes daquele esporte. A aproximação foi inevitável: o diretor ficou impressionado com as ideias que foram propostas por aquele jovem entusiasmado, para um novo sistema, ainda mais avançado e que poderia ser construído aqui mesmo, no Brasil. Surgia ali uma parceria de longa data.

A partir daí não houve dúvida: nossos fundadores abandonaram seus empregos, juntaram todas as suas economias e criaram a Alfabra.

O projeto com a empresa C foi um grande sucesso e nos deu fôlego para investir em novos produtos.
Produzíamos sob demanda a solução para atender qualquer necessidade da indústria, comércio e serviços: de sistemas de alta segurança baseados em transponders, ao breadBox, nosso primeiro aparelho de transporte vertical.

O breadBox é destinado a padarias e supermercados, nos quais os pães são produzidos em um andar diferente do andar da loja. Os pães são colocados no breadBox no andar da padaria e ao chegar no andar da loja, são automaticamente depositados em uma cesta, eliminando a necessidade de outra pessoa retirar os pães do aparelho, proporcionando agilidade e redução do tempo de atendimento dos clientes.

Era o nosso primeiro ano de existência e até então, não imaginávamos a possibilidade de ingressar no mundo dos elevadores. Ninguém do nosso time havia sequer visitado uma casa de máquinas de um elevador.
Tudo mudaria em breve.

Para preservar sua privacidade, nós o chamaremos de Sr. X: um dos sócios de uma rede de supermercados que já era cliente da Alfabra há alguns meses

Ele nos procurou com um pedido bem diferente de tudo o que já havíamos desenvolvido: fabricar dois elevadores com capacidade de 1500 kg, para o transporte de cargas e pessoas, com percurso de 36 metros. Estes elevadores deveriam dispensar a casa de máquinas no topo de um prédio existente, no qual seria montada mais uma de suas lojas. A divulgação da data da inauguração para o público já havia ocorrido, e restavam apenas três meses.

O Sr. X nos explicou que havia procurado a solução com empresas tradicionais, que solicitaram a ele pesadas adequações estruturais na edificação, além de prazos de entrega que frustrariam a inauguração da loja na data prevista. O prédio dispunha do espaço necessário para os elevadores, mas não havia viabilidade técnica para a construção da tradicional casa de máquinas em seu topo, pois uma enorme caixa d’água, que abastecia toda a edificação, precisaria ser demolida e realocada.

Foi uma reunião rápida e após ele nos expor o problema, ocorreu o seguinte diálogo:

“O Senhor sabe que não fabricamos elevadores, não é mesmo? Não é a nossa área, não sabemos nada sobre isso. É uma responsabilidade enorme!”

Sorrindo, ele respondeu: “Vou abrir esta loja em 3 meses. Se virem. Sugiro que vocês comecem a fabricar elevadores.”

O Sr. X já nos conhecia. Um senhor educado, discreto e de poucas palavras, estava à sua maneira demonstrando a relação de confiança existente, típica de sua criação e cultura oriental.

O cliente tem sempre razão: a Alfabra nasceu de sonhos, desafios e oportunidades que agarramos, e com esta não seria diferente!

No final dos anos 90 a internet praticamente não existia e a ABNT não tinha publicado nenhuma norma técnica que oferecesse uma solução para aquele problema.

Foi através de contatos telefônicos com institutos de pesquisa e qualidade europeus que encontramos a solução perfeita para o prédio do Sr. X: o elevador hidráulico, um produto amplamente utilizado na Europa e Estados Unidos, mas que na época era pouco conhecido pelo mercado brasileiro, ao ponto de não ter sido oferecido ao nosso cliente por empresas tradicionais.

Um destes institutos muito nos ajudou, enviando por correio todas as normas técnicas de elevadores válidas na Europa, além de artigos e prospectos de fornecedores italianos e alemães de partes e peças especializadas para elevadores.

Imediatamente iniciamos os projetos dos nossos primeiros elevadores hidráulicos, utilizando a metodologia Scrum.

O cronograma era apertado e a data de inauguração ficava cada vez mais próxima.

Reuniões diárias com todos os membros da equipe eram feitas em pé e não podiam durar mais do que 20 minutos. Sábados e domingos eram dias comuns, tudo era novo para nós, tudo tinha que ser feito do zero, respeitando aquelas rígidas normas técnicas.

Não havia tempo para esperar que todo o conjunto ficasse pronto para ser enviado: a partir do projeto principal, cada desenho e cada detalhe era imediatamente revisado, ajustado, enviado para a produção e imediatamente despachada para a obra, onde a equipe de instalação (que nunca havia instalado um elevador) aguardava para fazer seu trabalho. Tudo deveria encaixar-se perfeitamente, em cada fase, e foi o que aconteceu.

A equipe de eletrônica inovou: nós já tínhamos sistemas de segurança de alta confiabilidade, baseados em rede de dados criptografados, porque não fazer o mesmo com aqueles elevadores? Isto daria infinitas possibilidades de comando, interação com os usuários e controle do elevador, além de eliminar milhares de metros de fios. E assim foi feito, e continua sendo até hoje.

Os elevadores foram entregues em perfeito funcionamento, na data programada.
A inauguração da loja foi um grande sucesso, com grande presença do público. A lotação era tal, que era difícil caminhar pela loja. Os elevadores trabalharam ininterruptamente, transportando várias toneladas de carga e incontável quantidade de pessoas.

Aqueles elevadores nasceram com o design, robustez, tecnologia de ponta e alta segurança, que são a identidade da Alfabra.

Muitos dos nossos recursos tecnológicos atuais já estavam presentes, como S2CEA, INERA e as VICOM, em cristal líquido, que interagiam com as pessoas, dando mensagens sobre o peso transportado e outras informações que elas não estavam acostumadas a ver, despertando curiosidade e elogios dos investidores, clientes e funcionários.

O Sr. X, ao fazer a primeira de muitas viagens em seus novos elevadores Alfabra nos disse: “Nem mesmo os elevadores do prédio que eu moro são tão sofisticados e macios quanto estes elevadores que vocês fizeram. Parabéns!”.

É claro que os elevadores foram devidamente licenciados junto aos órgãos competentes, por possuírem total conformidade técnica e normativa. Esta é a regra número um da Alfabra.

Não tínhamos nenhum tipo de publicidade e não éramos do ramo, mesmo assim novos elevadores Alfabra passaram a ser vendidos quase que semanalmente, através da indicação “boca a boca” dos próprios clientes.

Um grande fabricante europeu de componentes para elevadores, com filial no Brasil, quis conhecer de perto aquela pequena empresa que estava fazendo tanto sucesso e do qual ninguém da área sabia as suas origens – todo o nosso time era composto de pessoas de fora do ramo, lembra?

Impressionado com o que viu, propôs uma parceria irrecusável, que nos daria amplo acesso a informações técnicas, treinamentos especializados, ferramentas de desenvolvimento e disponibilidade irrestrita de componentes especiais, antes indisponíveis no Brasil.

Depois vieram os primeiros elevadores panorâmicos com design exclusivo, o licenciamento de tecnologia desenvolvida pela Alfabra para uma empresa alemã, os grandes elevadores de carga, consultorias técnicas em elevadores gigantes para o transporte de aviões em hangares e até a consultoria para elevadores instalados em plataformas de lançamentos de foguetes do programa espacial brasileiro, entre milhares de projetos e elevadores feitos nestes 20 anos, mas isso é outra história.

Lembra da empresa C? Foi aquela empresa que apostou na Alfabra antes mesmo que ela existisse. Eles estão conosco até hoje, e agora também possuem um elevador Alfabra em seu prédio.

Agradecemos a todos os funcionários, colaboradores, parceiros de negócios e clientes que acreditam em nosso trabalho. Vocês fazem parte desta história de sucesso.